Ela se olha no espelho?
Quem seria ela?
Não saberia dizer..
Divaga sobre as imensas possibilidades, não prestando atenção em sua própria imagem, que tornava-se cada vez mais fria, sinistra e distorcida.
Estava fechada em seu mundo interior, tentando discobrir a si mesma com todas as forças, esquecendo de agir fora de si.
Abandonando o mundo exterior, permanecendo assim, como um casco inerte de olhos opacos.
O verdadeiro questionamento vinha de dentro, de seu âmago, que clamava para logo ser descoberto.
A morbidez exterior transmitia o tormento ocorrendo na alma, embora ninguém estivesse lá para ver tal sofrimento.
Sentada então, na frente do espelho permanecia...dias, meses, anos...
O espelho empoeirado, também a havia esquecido, retraindo-se para seu mundo das maravilhas estranhas, controversas e invertidas.
A esperança havia sido apagada, borrada do papel, como o giz em uma lousa...
Macilenta, noctívaga, pecaminosa...
Presa em si mesmo, em sua prórpia e alheia realidade...
Liberta da humanidade, punida pelo tempo...